Por Adroaldo Quintelas, Economista e Diretor-Executivo do IDENE

Em abril de 2025, durante uma viagem a Oviedo, capital das Astúrias, Espanha, vivenciei na pele um apagão que afetou toda a região, incluindo Portugal. A experiência foi um choque e me trouxe reflexões importantes sobre segurança energética, tema central para o desenvolvimento sustentável e a estabilidade econômica dos países.
Na manhã do dia 28, após as lojas e supermercados fecharem abruptamente por falta de energia, percebi o caos causado pela paralisação do sistema elétrico. Sinaleiras apagadas, trânsito desorganizado e controle rigoroso sobre alimentos perecíveis evidenciavam o impacto do black-out. A situação não tinha previsão clara para normalização, e as informações oficiais eram escassas.
Esse episódio, infelizmente, não é isolado na Europa. A segurança energética do continente mostra-se vulnerável diante de falhas em sua complexa rede elétrica, que atinge múltiplos países simultaneamente. Já no Brasil, a realidade é distinta. Nosso sistema de geração e distribuição, embora não perfeito, é robusto e bem gerido.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) monitora e coordena a rede com eficiência, isolando problemas regionais para evitar que se transformem em crises nacionais. A capacidade de resposta rápida das concessionárias locais garante que a falha seja contida e reparada sem afetar todo o sistema. Essa estrutura confere ao Brasil uma vantagem significativa na segurança energética em comparação a países europeus como Espanha, França, Holanda, Itália e Portugal.
Além disso, nossa matriz energética é mais limpa, baseada em fontes renováveis como hidrelétricas, eólica e solar, o que não apenas promove sustentabilidade ambiental, mas também reforça a estabilidade do sistema.
A Europa, apesar de seus avanços tecnológicos, precisa aprender com o Brasil e repensar suas estratégias para garantir o abastecimento seguro e contínuo de energia, essencial para o funcionamento das sociedades modernas.
É hora de superar a síndrome do “país colonizado” e reconhecer a qualidade do nosso sistema energético, que se destaca no cenário internacional. O Brasil está, de fato, “anos-luz” à frente em termos de eficiência, eficácia e integridade do sistema elétrico.
Adroaldo Quintelas
Economista. Diretor-Executivo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (IDENE). Fundador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED).